Quando falamos em inteligência artificial estamos falando em aprendizagem de máquina, a tecnologia necessita receber o máximo de informações possível para aprender e conseguir alcançar um modelo de eficiência.
Como funciona esse aprendizado?
No início uma solução de inteligência artificial é igual a qualquer outro programa de computador, definimos qual a sua finalidade e alimentamos as informações básicas necessárias para que o sistema comece a aprender e se desenvolver, se queremos uma inteligência artificial que identifique placas de veículos, depois de ensinarmos o que é uma placa de veículo, necessitamos alimentar essa inteligência com o máximo de placas possíveis, com os mais variados modelos, para que a máquina aprenda e se torne cada vez mais eficiente.
Ao alimentar a inteligência artificial com 5 placas de veículos já começamos a fazer com que ela entenda o que deve ser identificado, ao colocarmos 50 Placas de veículos a inteligência artificial já se tornará mais eficiente trazendo resultados mais satisfatórios.
Quando alcançamos um número em torno de 50.000 placas de veículos de todos os modelos,
teremos uma inteligência artificial muito eficiente.
Já deu para entender que qualquer inteligência artificial necessita do maior número de informações possíveis, para que possa aprender e continuar seu desenvolvimento, melhorando sua eficiência.
Esse modelo de aprendizagem funciona para qualquer projeto de inteligência artificial, para o reconhecimento facial, visão computacional ou qualquer outro objetivo.
O Paradoxo!
Não vou entrar aqui na questão do uso do reconhecimento facial na inteligência artificial, quero principalmente abordar a questão da privacidade, muitas vezes colocada como empecilho para o uso da IA junto a sociedade.
A algumas semanas as redes sociais vêm sendo bombardeadas de fotos de seus usuários utilizando uma inteligência artificial para criação de posts, um aplicativo estrangeiro conseguiu fazer com que milhões de pessoas em todo o mundo, muitos do Brasil, alimentem uma IA com suas fotos para a criação desses posts. O aplicativo inicia solicitando que o usuário coloque o máximo de fotos possíveis de sua pessoa, de preferência sozinho, para que a IA possa aprender e produzir seu post com maior eficiência possível.
Para conseguir o máximo desempenho a empresa já comercializa o aplicativo, dando a possibilidade ao usuário de usá-lo por mais tempo do que os 10 dias que são oferecidos gratuitamente.
No Brasil a moda pegou! Todos estão usando, as pessoas não querem ser diferentes e acompanham o ritmo enviando mais informações a essa inteligência artificial.
Enquanto isso no Brasil e no mundo criam-se leis tentando regulamentar o uso da inteligência artificial, muitas vezes proibindo o seu uso para reconhecimento facial alegando privacidade.
Quando o reconhecimento facial localiza um procurado ou fugitivo da polícia e alerta o policial sobre sua proximidade, ajudando o mesmo em seu trabalho, não seria uma função a ser bem-vista pela sociedade?
Quando o reconhecimento facial localiza uma pessoa desaparecida levando-a de volta ao seio familiar, não seria uma função a ser bem vista pela sociedade?
Quando uma inteligência artificial recebe milhões de rostos de brasileiros, indo parar em um servidor estrangeiro, e a sociedade aceita isso como um simples jogo inocente, ignorando totalmente a questão da privacidade, não seria isso um paradoxo?
Esse é um momento de reflexão e decisão sobre o uso da inteligência artificial no Brasil, seus benefícios e regras, para que possamos usufruir do melhor da tecnologia a favor da sociedade.
Deixo aqui essa reflexão!
Francisco Cavalcante
Consultor internacional em inteligência artificial
francisco@ianapratica.tech